O tempo parece ter corrido desde o dia em que Renato Paiva desembarcou no Botafogo para suceder Artur Jorge e encerrar a angústia da torcida alvinegra pela escolha de um novo comandante. No próximo domingo, contra o Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro, o português completa oficialmente um mês à frente do clube. O pouco tempo de trabalho já trouxe sinais de mudanças e uma boa dose de esperança — mas o verdadeiro teste ainda está por vir.
Paiva encontrou um elenco vitorioso, embalado pela conquista da Recopa Sul-Americana, mas que também precisava de ajustes e novas ideias para manter a competitividade em uma temporada cheia de ambições. Até agora, o amistoso contra o Novorizontino foi a única amostra pública do novo Botafogo, que venceu por 3 a 1 e apresentou maior organização e compactação. Internamente, o desempenho foi considerado positivo, ainda que natural para o momento inicial do trabalho.
Com seu estilo detalhista, Paiva vem chamando a atenção tanto pela metodologia quanto pela postura fora de campo. O português conduz os treinos com intensidade, apito sempre à mão, interrompendo atividades para corrigir posicionamentos e provocar os jogadores a pensarem o jogo. Além do campo, investiu no lado humano e emocional. Conversas individuais e até um churrasco no Espaço Lonier marcaram a primeira etapa de integração com o elenco e a comissão técnica.
O desafio agora é transformar essa base promissora em desempenho diante dos grandes adversários. O Brasileirão, a Copa do Brasil, a Libertadores e o Mundial de Clubes serão os termômetros reais da eficácia do trabalho de Paiva, que, por enquanto, agrada aos jogadores.
Igor Jesus, um dos pilares do ataque, destacou a pequena, mas significativa diferença trazida pelo português.
— O Paiva pensa como o Artur Jorge, mas quer que eu fique mais na área. Ele me cobra bastante isso, estar mais perto do gol. Isso me dá mais oportunidades de finalizar e ajudar a equipe — comentou o centroavante.
Elias Manoel, que chegou recentemente ao clube, elogiou a ênfase do treinador nas transições rápidas e na mobilidade do ataque.
— Ele gosta de velocidade e temos jogadores rápidos, como o Artur, o Savarino e o Santi. Isso ajuda muito, e ele quer que o centroavante fique mais fixo, mas sem abrir mão da movimentação quando necessário — afirmou.
Alex Telles, um dos líderes do elenco, reforçou a confiança no novo ciclo.
— Ele trouxe ideias novas, mas mantendo a base do que já funcionava. Acredito que temos muita margem para crescimento e, mesmo com pouco tempo, já mostramos uma nova postura — avaliou o lateral.
Entre ajustes táticos, fortalecimento dos laços no vestiário e uma filosofia que mistura intensidade e transições ofensivas, Paiva sabe que seu maior desafio está prestes a começar. A torcida espera, ansiosa, para ver se as boas ideias resistem ao peso dos grandes confrontos que vêm pela frente.