Hoje o Botafogo pode cravar o seu terceiro título do Brasileirão da sua história, o clube carioca precisa de apenas um empate para conquistar o título brasileiro contra o São Paulo ás 16h no Estádio Nilton Santos. Mas você lembra qual foi a última vez que a equipe de General Severiano levantou a taça da primeira divisão nacional?? Foi há 29 anos em 1995 e nessa reportagem vamos recordar essa conquista histórica.
Em 1993 os botafoguenses foram campeões da Copa Conmebol podiam ter chance em um mata-mata, mas não em um torneio de todos contra todos, e a campanha foi ruim. No ano seguinte, a equipe do Botafogo era bem melhor do que a do ano anterior. Contratara o goiano Túlio, artilheiro do Brasileirão de 1989 pelo Goiás e vindo de boa passagem do Sion da Suíça, e fez um bom papel no torneio nacional, que no entanto foi insuficiente. O Glorioso terminou a primeira e a segunda fase na liderança de seu grupo, mas acabou saindo do torneio nas quartas-de-final após uma derrota por 2 a 0 e uma vitória por 2 a 1 contra o Atlético Mineiro. Ao menos havia feito o artilheiro da competição: Túlio.
Em 1995 o goleador estava ainda mais inspirado, agora fazendo dupla com Donizete o ‘pantera’. O Glorioso até começou um pouco lento no Brasileirão, terminando o primeiro turno em quinto na chave, mas no segundo não teve pra ninguém. Após encerrar a primeira fase em quinto lugar, com 18 pontos (cinco vitórias, três empates e três derrotas), o Botafogo liderou o Grupo A na segunda fase, com 27 pontos (oito vitórias, três empates e uma derrota), antes de chegar nas fases eliminatórias.
O time terminou em primeiro lugar no grupo B e cravou a classificação para as semifinais, contra o Cruzeiro. Com a vantagem de dois resultados iguais o Botafogo empatou a primeira partida, em Minas, em 1 a 1, e jogando com inteligência no Rio, controlou a segunda, segurando o zero que o classificou para a decisão contra a equipe do Santos em uma melhor de dois jogos um no Rio e o outro em São Paulo.
O clube paulista, sem títulos desde o Paulistão de 1984 e considerado sem futuro pelos conhecidos pessimistas seletivos que habitam certos veículos de imprensa, havia conseguido uma virada incrível sobre o Fluminense nas semifinais, revertendo uma derrota de 4 a 1 na primeira partida com uma goleada humilhante sobre a equipe de Renato Gaúcho por 5 a 2. A torcida santista, enlouquecida, sentia que chegara a hora do clube voltar a seus dias de glória. E a confiança chegou a ser exagerada.
No primeiro jogo, no Maracanã, a vitória foi do Glorioso por 2 a 1. O time não jogou o seu melhor, mas o suficiente contra um rival que parecia não querer vencer. Confiantes de que poderiam reverter facilmente a partida no Estádio do Pacaembu, como fizeram contra o Tricolor, os santistas chegaram a segurar a bola na defesa enquanto perdiam, esperando o tempo passar. E ao fim da partida, o maior dos absurdos: os paulistas presentes passaram a gritar “é campeão”! Os jogadores do Botafogo ficaram revoltados, a ponto de Gonçalves, transtornado, chegar perto do fosso e discutir com torcedores do Santos.
A sensação de “já venceu” não era exclusividade da torcida. Giovanni, o craque do time paulista, afirmou na saída que o Peixe tinha perdido para si. O lateral Vágner, suspenso do jogo seguinte, foi mais direto: “Santistas, todos ao Pacaembu! Perdemos por falha nossa, não por mérito do Botafogo. Vamos reverter essa situação!”. E a festa santista já estava preparada. Só faltou combinar com o Botafogo.
Até que se chega o dia 17 de dezembro de 1995. um domingo que entraria para a história do futebol brasileiro. Oglorioso era escalado assim. Wágner, Wilson Goiano, Wilson Gottardo, Gonçalves e André Silva (Moisés); Leandro Ávila, Jamir, Beto e Sérgio Manoel; Donizete e Túlio Maravilha. Técnico: Paulo Autuori. E o Peixe veio da seguinte forma. Edinho, Marquinhos Capixaba, Ronaldo, Narciso e Marcos Adriano; Carlinhos, Marcelo Passos, Giovanni e Robert (Macedo); Camanducaia e Jamelli. Técnico: Cabralzinho. O botafogo dependia de um empate, enquanto o alvinegro da Vila Belmiro nececsitava de uma vitória simples para garantir o título. Aos 24 minutos do primeiro tempo, sai o primeiro gol da final. Sérgio Manoel cruza na marca do pênalti, Jamir desvia de cabeça, e Túlio Maravilha bate com a perna esquerda para colocar o Botafogo na frente! Os cariocas aumentam a vantagem. Mas as emoções que definiriam aquele campeonato vieram no segundo tempo.
Logo no primeiro minuto da etapa complemetar o Santos empatou a partida, Marquinhos Capixaba insiste em jogada pela direita, a bola sobra para Marcelo Passos quase na linha de fundo, e ele finaliza forte para vencer Wagner e empatar. Depois do empate o Pacaembu veio abaixo com a torcida santista e o time seguiu presionando o time da estrela solitária. Até que aos 34 minutos, um lance que rende discussões até os dias atuais. Falta a favor dos paulistas, e Marcelos Passos cobra, Camanducaia desvia de cabeça e marca para o Santos. O árbitro Marcio Rezende de Freitas aponta impedimento do atacante santista e anula o gol.
Porém a posição de Camanducaia era legal, o que até hoje gera revolta entre a torcida do Santos. O Ex-árbitro Arnaldo Cezar Coelho contudo corcordou com a decisão de Rezende na transmissão da TV Globo.
“Está certo o árbitro. Foi impedimento do Camanducaia, por isso ele marcou o tiro livre indireto”, afirmou Coelho.
A pressão do Peixe continuou mas não surtiu efeito e o Botafogo se sagrou campeão brasileiro com 3 a 2 no placar agregado. Esse foi o primeiro título de caráter nacional do Botafogo desde o Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1968, que mais tarde a CBF reconheceria como Campeonato Brasileiro. O Fogão encerra o Brasileirão contra o São Paulo, no domingo, às 16h. O clube carioca precisa de apenas um ponto para conquistar o título. Já o Palmeiras encara o desesperado Fluminense no mesmo horário no Allianz Parque e precisa ganhar do tricolor das Laranjiras e torcer para o Botafogo não pontuar para assim, conquistar o terceiro troféu consecultivo da liga nacional.