Apesar do título deste texto, não vou falar sobre a polêmica bandeira cravada por Wallace Reis no meio-campo da Arena da Amazônia na semifinal do Carioca de 2016 contra o Vasco.
O que venho levantar aqui é uma reflexão de como a trajetória do meia, Diego Ribas, que anunciou que não permanecerá no Flamengo após o fim da temporada, pode refletir a gestão Bandeira de Mello no Flamengo.
O ex-presidente é tido como grande responsável pela ascensão financeira e organização administrativa, que levou o Flamengo a ser a potência de mercado que é hoje em território nacional e sul-americano. Em contrapartida, muitos gravam na memória um dirigente com poucos títulos e com fama de “bananão”.
E o que isso tem a ver com Diego Ribas?
Voltando a 2016 – mais precisamente três meses após o episódio citado no primeiro parágrafo – o Flamengo, do então presidente Eduardo Bandeira de Mello, anuncia a contratação de Diego Ribas junto ao Fenerbahçe, da Turquia. Naquele momento era o primeiro grande reforço do clube após a política de austeridade financeira e foi recebido com muita esperança e um “aerofla” inesquecível, principalmente para o jogador.
Diego chegou, vestiu a camisa 10, e logo mostrou em campo que seria o maestro do time. Com gols, assistências e atuações destacadas, chegou a ser convocado para seleção brasileira e na sequência dos anos, comandou um Flamengo que deixava a rotina de luta contra o rebaixamento para lutar por títulos.
Aí que começa a mudança de status e analogia que quero chegar. O Flamengo recebido por Bandeira em 2013 não brigava por nada – apesar do título acidental da Copa do Brasil deste mesmo ano – e passou a disputar, de fato, títulos a partir de 2016, com grande contribuição de Diego Ribas.
Porém, até 2018, último ano de mandato de Bandeira de Mello e de titularidade absoluta de Diego Ribas no Flamengo, o time ficou marcado por chegar e não ganhar, dando origem ao tal “cheirinho” usado pelas torcidas rivais para provocar o rubro-negro, termo inclusive “criado” pelo camisa 10 em uma entrevista ao se aproximar do título.
- (Foto: Alexandre Loureiro / GettyImages )
Nesse momento, Diego e Bandeira ficaram marcados para boa parte da torcida como personagens do “quase”, do Flamengo apático, sem brio e raça, características indispensáveis ao clube. Porém, apesar de terem suas parcelas de culpa, não seria mais correto pensar que sem ambos, talvez, o Flamengo nem estivesse apto a disputar até o final e conquistar como conquistou inúmeros títulos que disputou a partir de 2019?
Assim fico me perguntando se não é ingratidão e enorme desrespeito ao profissional Diego Ribas tamanha perseguição e rótulo de “indigno” da camisa 10 rubro-negra com frases como “já vai tarde”, tendo em vista que sempre honrou, respeitou, se doou ao máximo nos jogos e mesmo vendo seu status de craque do time passar para veterano sentado no banco de reservas e garoto propaganda, nunca lhe faltou dedicação nos jogos e no dia-a-dia do clube.
Hoje entendo que seu ciclo se encerrou e ele, sabiamente, também notou esse momento.
Possivelmente, daqui há um tempo será lembrado como integrante de uma época histórica do Flamengo, mas sem grandes brilhos. Porém, assim como Bandeira de Mello, teve grande responsabilidade para dar os primeiros passos de um Flamengo que andava a base de andador e hoje é um maratonista em todas as competições. Talvez isso nunca venha a tona já que para muitos “o time só funcionou após a saída de ambos”.
Viva os tais engenheiros de obra pronta!
