Em uma entrevista de 1h20 ao programa Abre Aspas, realizada na sede da Globo em São Paulo, Cafu, capitão da Seleção Brasileira pentacampeã mundial, abordou o futuro do futebol nacional e os desafios para reconquistar o prestígio global. A Seleção, que em 2026 completará 24 anos sem conquistar uma Copa do Mundo, foi o principal tema da conversa.
Aos 54 anos, Marcos Evangelista de Morais, conhecido mundialmente como Cafu, destacou a necessidade de reconstruir a imagem do futebol brasileiro. Para ele, desde a conquista de 2002, o Brasil perdeu credibilidade nas entidades do esporte.
– O primeiro passo é fazer com que o Brasil volte a ser respeitado nas confederações, na Fifa e mundialmente. Temos talento, matéria-prima e jogadores. O que falta é tranquilidade para que esses talentos possam desenvolver seu melhor futebol – afirmou o ex-lateral.
Cafu criticou a gestão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), citando episódios que comprometeram a transparência e geraram desgaste. Ele mencionou a demora na escolha de um novo técnico após a saída de Tite e a frustração com anúncios equivocados.
– Faltou comunicação. A demora e a incerteza sobre o comando técnico da Seleção prejudicaram a imagem da CBF – pontuou.
Dependência de Neymar e aposta na nova geração
Outro ponto levantado por Cafu foi a longa dependência do Brasil em relação a Neymar, o último grande ídolo nacional. Para ele, essa centralização foi determinante para a ausência de conquistas nos últimos anos.
– Durante quase 14 anos, ficamos dependentes de um único jogador, o Neymar. Ele é um grande talento, mas você não ganha uma Copa do Mundo dependendo de um único atleta. Precisamos formar novos ídolos – disse.
Apesar da crítica, Cafu mantém confiança na nova geração e acredita que a Seleção pode voltar ao topo. No entanto, ele defende que o comando técnico deve ser brasileiro.
– Nada contra treinadores estrangeiros, mas o Brasil merece conquistar outra Copa com um técnico brasileiro. Temos tradição e grandes referências nessa área – argumentou.
Ronaldo Fenômeno como esperança para a CBF
Cafu também comentou a possível candidatura de Ronaldo Fenômeno à presidência da CBF, apontando que a entrada de ex-jogadores na gestão pode trazer mudanças significativas para o futebol brasileiro.
– Só o fato de Ronaldo se candidatar já mostra que ele quer mudanças. Ele é visionário, inteligente, e já teve sucesso com o Cruzeiro na SAF. Esperamos que ele abra espaço para outros ex-jogadores contribuírem – declarou.
Cafu ressaltou que Ronaldo não busca prejudicar o futebol, mas promover transformações viáveis para recuperar o prestígio do Brasil no cenário internacional.
Avaliação do trabalho de Dorival e as trocas no comando
Ao avaliar o atual estágio da Seleção, Cafu elogiou o trabalho do técnico Dorival Júnior, mas demonstrou insatisfação com a troca de Fernando Diniz.
– O trabalho do Dorival é ótimo, mas eu não teria feito a troca. Trocar treinadores em períodos curtos prejudica o entrosamento do time. Cada técnico tem um estilo, e isso dificulta manter um padrão de jogo – explicou.
Mesmo com as dificuldades, Cafu acredita na classificação do Brasil para a Copa do Mundo de 2026.
– As eliminatórias sul-americanas são as mais difíceis, mas o Brasil vai se classificar. Chegando à Copa, é outro discurso. Precisamos de organização e paciência – concluiu.
Contribuições fora de campo
Atualmente, Cafu se dedica a palestras e eventos corporativos, mas continua acompanhando de perto os rumos do futebol brasileiro. Multicampeão por clubes como São Paulo, Palmeiras, Milan e Roma, ele reforça que sua experiência no esporte o motiva a buscar soluções para resgatar o prestígio do país no futebol mundial.