O Nacional do Uruguai surpreendeu o futebol sul-americano nesta semana ao anunciar Jadson Viera como novo treinador. A decisão veio logo após a demissão de Pablo Peirano, que havia acumulado apenas uma derrota em treze jogos no Campeonato Uruguaio. Ainda assim, a escolha chamou atenção principalmente pelo fato de o novo comandante ser brasileiro — algo que não acontecia há mais de meio século.
Aos 44 anos, Jadson Viera torna-se apenas o segundo brasileiro da história a dirigir o tradicional clube uruguaio. O primeiro foi Zezé Moreira, técnico da Seleção na Copa do Mundo de 1954, que conquistou dois campeonatos nacionais com o Nacional, em 1963 e 1969.
Trajetória de fronteira
Natural de Santana do Livramento (RS), cidade que faz fronteira direta com Rivera, no Uruguai, Jadson tem a carreira profundamente ligada ao futebol do país vizinho. Desde cedo, ele cruzou a linha divisória que separa as duas cidades e iniciou sua formação nas categorias de base do Danubio, onde se tornou ídolo. Em 212 partidas, levantou dez títulos e consolidou a imagem de zagueiro técnico e disciplinado.
Além disso, o brasileiro também atuou por Atlante (México), Lanús (Argentina), Nacional e Rentistas, clube onde encerrou a carreira em 2017. No Brasil, sua passagem pelo Vasco da Gama foi curta. Apesar de integrar o elenco entre 2010 e 2011, teve poucas oportunidades devido à ascensão de Dedé, então destaque da equipe.
Companheiro de estrelas
Durante a carreira, Jadson conviveu com nomes que se tornariam símbolos do futebol uruguaio moderno. Em 2006, por exemplo, ele era capitão do Danubio e liderava um elenco que tinha Edinson Cavani em início de trajetória. Os dois criaram forte amizade dentro e fora de campo.
“Fazíamos churrasquinho aqui em casa e ele não parava de comer, principalmente quando tinha cordeiro. O grupo ouvia muito pagode, Raça Negra, Zeca Pagodinho. Era uma mistura de culturas”, contou Jadson em entrevista ao Lance! em 2015.
Anos depois, já no Rentistas, o ex-zagueiro conheceu Ronald Araújo, atual defensor do Barcelona e da seleção uruguaia. O brasileiro tornou-se uma espécie de mentor para o jovem jogador, que o considera uma referência.
“Era o patrão, o líder. Foi campeão no Nacional e terminou no Rentistas, onde conheceu Ronald Araújo. Ficaram amigos, e Ronald o vê como alguém muito importante na carreira”, afirmou Javier Cunha, jornalista da Rádio 970 Universal.
De auxiliar a comandante
Após pendurar as chuteiras, Jadson Viera iniciou a transição para a beira do campo. Em 2018, tornou-se auxiliar técnico de Alexander ‘Cacique’ Medina no próprio Nacional. A parceria se estendeu por quatro anos e passou por clubes como Talleres e Vélez Sarsfield, ambos da Argentina, além de uma rápida passagem pelo Internacional, em 2022.
A estreia como treinador principal ocorreu em 2024, no Boston River, equipe de médio porte do futebol uruguaio. O trabalho foi imediato. Sob seu comando, o time apresentou organização tática, intensidade e saída de bola curta, características marcantes do estilo moderno que ele adota. Como resultado, o Boston River terminou o Campeonato Uruguaio de 2024 em terceiro lugar e conquistou vaga na pré-Libertadores.
Ainda assim, a campanha continental acabou mais curta do que o esperado. O time foi eliminado pelo Bahia na fase preliminar, mas manteve bom desempenho na Copa Sul-Americana.
Segundo o preparador físico Richard “Papote” González, que trabalhou ao lado do treinador, “Jadson é um profissional em grande evolução, muito próximo aos jogadores e com voz ativa no vestiário. Sua chegada ao Nacional é um prêmio merecido”.
Estilo e filosofia
Em campo, Jadson Viera prega o equilíbrio entre intensidade e controle territorial. Suas equipes costumam jogar em um 4-3-3 fluido, com laterais projetados e linhas compactas na recomposição. A proposta prioriza o ataque apoiado e a recuperação rápida da posse.
“A ideia é competir bem, mas sem abrir mão de jogar. Gosto de equipes intensas, que pressionam e mantêm a bola”, declarou o técnico em entrevista recente ao canal oficial do Boston River.
Um brasileiro moldado no Uruguai
À primeira vista, pode parecer curioso que um brasileiro alcance destaque em um dos clubes mais tradicionais do Uruguai. Contudo, a trajetória de Jadson explica essa naturalidade. Formado, consagrado e residente por muitos anos no país vizinho, ele representa uma nova geração de profissionais capazes de transitar entre culturas e métodos.
Atualmente, o Nacional é vice-líder do Torneio Clausura, com 28 pontos, apenas um atrás do rival Peñarol. A estreia de Jadson acontece neste sábado, diante do Cerro, no Estádio Centenário, pela 14ª rodada da competição.
“Estou no Nacional e tenho tudo para ganhar. Poderia ter deixado passar, mas quando surgiu a chance, decidi imediatamente. Sou grato ao Boston River por ter me aberto as portas”, declarou o treinador durante sua apresentação.
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