O técnico Miguel Ángel Russo, do Boca Juniors, morreu nesta quarta-feira (9), aos 69 anos, em decorrência de complicações causadas por um câncer de próstata. O treinador estava em tratamento e sob internação domiciliar, após ter sido afastado das atividades do clube nas últimas semanas. De acordo com a imprensa argentina, o velório acontecerá no estádio La Bombonera, tradicional casa do Boca Juniors.
Ao longo da carreira, Russo se destacou como um dos técnicos mais vitoriosos do futebol argentino. Ele conduziu o Boca Juniors à conquista da Copa Libertadores de 2007, a mais recente do clube. Anos depois, retornou à equipe entre 2020 e 2021, quando venceu a Superliga Argentina e a Copa Diego Maradona. Mais recentemente, em maio deste ano, voltou ao comando a pedido do presidente Juan Román Riquelme.
Em razão do luto, a Liga Profissional de Futebol da Argentina adiou o confronto entre Boca Juniors e Barracas Central, que estava marcado para este sábado. A entidade ainda não definiu uma nova data para a partida.
Enquanto isso, em Miami, onde a seleção argentina se prepara para um amistoso contra a Venezuela, jogadores e comissão técnica prestaram um minuto de silêncio em homenagem ao treinador. O gesto emocionou torcedores e reforçou a admiração pelo legado deixado por Russo.
Um símbolo de lealdade e superação
Nascido em Valentín Alsina, em 9 de abril de 1956, Miguel Ángel Russo construiu uma trajetória marcada pela lealdade, disciplina e resistência. Durante toda a carreira como jogador, ele defendeu apenas o Estudiantes de La Plata, entre 1975 e 1988, e conquistou dois títulos nacionais: o Metropolitano de 1982 e o Nacional de 1983. Ao todo, disputou 435 partidas e se tornou ídolo do clube.
Além disso, Russo foi convocado 17 vezes para a seleção argentina e disputou as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1986. No entanto, uma lesão no joelho o impediu de disputar o torneio, vencido pela Argentina.
Logo após encerrar a carreira de jogador, ele iniciou a trajetória como treinador, em 1989, no Lanús, e não demorou para alcançar resultados expressivos. Sob seu comando, o clube conquistou o acesso à primeira divisão. Poucos anos depois, ele repetiu o feito com o Estudiantes, em 1994, consolidando sua reputação de técnico competente e trabalhador.
Na elite do futebol argentino, Russo acumulou conquistas e reconhecimento. Em 2005, ele venceu o Torneio Clausura com o Vélez Sarsfield e, dois anos depois, viveu o auge da carreira ao conquistar a Copa Libertadores de 2007 pelo Boca Juniors. Ao longo das décadas seguintes, ele dirigiu clubes em vários países, incluindo Chile, Peru, Paraguai, Espanha, México e Arábia Saudita, o que reforçou sua versatilidade e prestígio internacional.
Em 2017, Russo voltou a comemorar um título importante, ao conquistar o Colombiano com o Millonarios, enquanto enfrentava o câncer de próstata pela primeira vez.
Luta contra o câncer e despedida
Russo lutava contra o câncer de próstata desde 2017, quando comandava o Millonarios. Na época, ele conseguiu vencer a doença, mas as complicações retornaram neste ano. Em setembro, o técnico foi internado com uma infecção urinária, e, desde então, seu quadro clínico se agravou, o que o levou a se afastar definitivamente do comando do Boca Juniors.
Diante da notícia da morte, o Boca Juniors manifestou pesar nas redes sociais e enalteceu a trajetória do treinador:
“O Clube Atlético Boca Juniors comunica com profunda tristeza o falecimento de Miguel Ángel Russo. Miguel deixa uma marca inapagável em nossa instituição e será sempre um exemplo de alegria, cordialidade e esforço. Acompanhamos sua família e seus entes queridos neste momento de dor. Até sempre, querido Miguel.”
Após a goleada do Boca sobre o Newell’s Old Boys, por 5 a 0, no último domingo, o capitão Leandro Paredes dedicou a vitória ao treinador:
“Dedicamos a vitória a Russo. Ele é a cabeça do nosso grupo e está passando por um momento difícil. Mandamos muita força a ele.”