O FBI revelou, nesta quinta-feira (23) um amplo esquema de apostas e jogos ilegais envolvendo atletas e ex-jogadores da NBA. A operação, que durou anos, terminou com 31 presos em 11 estados americanos.
De acordo com o diretor da agência, Kash Patel, os agentes investigam dois eixos principais: um esquema de pôquer operado pela máfia La Cosa Nostra e apostas esportivas manipuladas com base em informações privilegiadas.
Além disso, a investigação indicou que os criminosos movimentaram milhões de dólares por meio de criptomoedas e dinheiro em espécie, dificultando o rastreamento financeiro.
Billups é acusado de participar de jogos de pôquer ligados à máfia
Em primeiro lugar, os agentes prenderam Chauncey Billups, técnico do Portland Trail Blazers, em sua residência no estado do Oregon. Segundo o Departamento de Justiça, ele participava ativamente de jogos de pôquer ilegais organizados por três famílias mafiosas: Bonanno, Gambino e Genovese.
Os encontros aconteciam em Nova York, Las Vegas, Miami e nos Hamptons. Para enganar os jogadores, o grupo usava baralhos com códigos de barras, máquinas de embaralhamento manipuladas e câmeras ocultas nas mesas e luminárias.
De acordo com os investigadores, Billups e o ex-jogador Damon Jones recebiam pagamento para comparecer às partidas e atrair novas vítimas. Em uma ocasião, Jones exigiu US$ 2.500 adiantados para participar de uma mesa.
Ainda assim, os lucros do grupo chamam atenção. O FBI calcula que a quadrilha arrecadou mais de US$ 7 milhões (R$ 37,7 milhões). Uma das vítimas perdeu US$ 1,8 milhão (R$ 9,7 milhões) em uma única noite.
Conforme destacou o agente especial Christopher Raia, parte do dinheiro servia para financiar atividades criminosas da La Cosa Nostra.
Rozier é preso por manipular apostas esportivas
Pouco depois, o FBI prendeu Terry Rozier, armador do Miami Heat, em um hotel em Orlando, na Flórida. Segundo o promotor Joseph Nocella Jr., Rozier compartilhava informações internas da NBA com um grupo de apostadores.
Em março de 2023, quando ainda defendia o Charlotte Hornets, o jogador informou aos comparsas que deixaria uma partida mais cedo alegando lesão. Dessa forma, os criminosos apostaram mais de US$ 200 mil em resultados abaixo de sua média de pontos, rebotes e assistências — e obtiveram lucros milionários.
Ainda conforme Nocella, seis pessoas foram formalmente acusadas de integrar o esquema. Entre elas estão Rozier e Damon Jones. O procurador classificou a rede como “um dos esquemas mais corruptos da história do esporte americano”.
Além disso, casas de apostas em diversos estados notaram movimentações suspeitas antes do jogo entre Hornets e Pelicans, o que reforçou as suspeitas contra o atleta.
LeBron James é citado durante investigação
A princípio, o nome de LeBron James apareceu indiretamente nas investigações. Em fevereiro de 2023, o astro ficou fora de uma partida entre Los Angeles Lakers e Milwaukee Bucks por dores no tornozelo.
Segundo os documentos do FBI, Damon Jones tentou vender antecipadamente essa informação confidencial para apostadores, permitindo que eles apostassem contra os Lakers antes que a equipe divulgasse comunicado oficial. Apesar disso, LeBron não é investigado e não há evidências de envolvimento direto do jogador.
Reação imediata da NBA
Logo após o anúncio das prisões, a NBA afastou Billups e Rozier de todas as suas funções. Em nota oficial, a liga afirmou que “a integridade do jogo é prioridade absoluta” e que colabora com as autoridades federais desde o início da operação.
Além disso, o comissário Adam Silver reforçou, em entrevista recente, que a liga mantém parceria com plataformas de apostas e monitoramento de dados para evitar manipulações.
Billups, eleito ao Hall da Fama em 2024, teve carreira brilhante como jogador, conquistando o título da NBA e o prêmio de MVP das Finais de 2004 com o Detroit Pistons. Seu substituto no comando do Portland Trail Blazers será Tiago Splitter, primeiro brasileiro a treinar na NBA.
Rozier, apelidado de “Scary Terry”, está em sua décima temporada na NBA e cumpre o último ano de um contrato de US$ 96,3 milhões (R$ 519 milhões). A NBA pode cancelar seu contrato e liberar 27 milhões de dólares no teto salarial do Miami Heat, além de permitir que Miami contrate mais dois jogadores para compor elenco.
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