No último domingo, o mundo do esporte foi sacudido com a notícia da criação da Superliga Europeia, onde 12 clubes, cujos egos os fazem sentir “acima do bem e do mal”, resolveram mostrar força contra a UEFA, que também não é “santa” na história, dizendo que, a partir de meados desse ano, promoveriam um torneio fechado com 20 participantes. Desde então, vê-se uma grita geral, especialmente por parte da imprensa brasileira. Segundo a mídia nacional, essa nova competição pode representar o início do fim do considerado diferencial do futebol em relação às outras modalidades: a democratização, seja dos resultados, seja do público.
Ao ver esse movimento dos meus colegas nos diversos programas esportivos, remeto-me ao que vem acontecendo há algumas décadas por aqui. Por que não essa reação em 1987, quando, na canetada, criaram uma Copa União, alijando, na ocasião, o vice-campeão e o terceiro colocado do Campeonato Brasileiro do ano anterior, no caso, Guarani e América-RJ, respectivamente. Será que eles lembraram dessa “política de exclusão” ao enaltecerem as novas Arenas construídas para a Copa do Mundo de 2014, tirando a possibilidade do “povão” em mostrar o seu amor pelo clube pelo qual torce? Por que não brigar, junto às entidades, para marcas tradicionais do futebol não virarem apenas páginas de livros de história, como o Bonsucesso-RJ, o São Cristóvão-RJ, o Villa Nova-MG, o Juventus-SP, a Portuguesa-SP?
Futebol, meus amigos jornalistas, não é só Flamengo, Palmeiras, Atlético-MG, Barcelona, Real Madrid… Como seriam os meios e os finais de semana de bola rolando se não existissem, além das grandezas do Maracanã, do Allianz Parque, do Mineirão, do Camp Nou e do Santiago Bernabéu, as agradáveis tardes nas arquibancadas de um Teixeira de Castro, de um Figueira de Mello, de um Castor Cinfuentes, de uma Rua Javari ou de um Canindé?
Tenho certeza que vocês sabem disso tudo falado nesse simples texto. Então, peço, por favor, menos hipocrisia com o microfone. Que o discurso adotado por conta do absurdo do “Velho Continente” impeça a ressonância aqui em terras tupiniquins. Que o “ódio ao futebol moderno”, expresso pela simpática e sofrida torcida juventina do bairro da Moóca, não acabe com a maior paixão do brasileiro.