O Vasco aguarda a homologação do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro para implementar seu plano de quitação de dívidas trabalhistas, que soma R$ 250 milhões. A proposta, enviada no fim de 2024, visa repactuar os débitos dentro do Regime Centralizado de Execuções (RCE), atualmente suspenso por determinação judicial. O plano prevê pagamento de 80% do montante total em até 10 anos, com a possibilidade de deságio para credores interessados.
Um dos principais pontos do acordo é o congelamento das dívidas acima de R$ 5 milhões. Segundo Alan Belaciano, presidente da Assembleia Geral e advogado trabalhista, essa medida reduz o valor total em cerca de 30%, atingindo oito credores. Já para aqueles com valores inferiores, o pagamento será integral e parcelado em até 10 anos. Além disso, o clube garantiu um acordo “praticamente sem deságio”, uma raridade no cenário de clubes brasileiros, onde descontos podem chegar a até 90%.
No entanto, o plano também oferece a opção de deságio de 30% para credores que desejarem receber o valor de forma antecipada, com pagamento em quatro parcelas trimestrais. A gestão de Pedrinho aposta na redução de juros para viabilizar o acordo. Com a substituição da taxa Selic e juros de 1% ao mês pela correção IPCA-E e 2% ao ano, o clube estima diminuir os custos de juros de R$ 40 milhões anuais para R$ 15 milhões.
Outro destaque da proposta é o compromisso de separar 6% das “receitas extraordinárias líquidas” — oriundas de vendas de jogadores, prêmios e outros mecanismos — para quitação das dívidas. O valor máximo deste repasse será de R$ 5 milhões anuais. Além disso, o clube prevê repasses trimestrais a partir de 2025, com pagamentos graduais que aumentam progressivamente até o 10º ano, quando os credores receberão R$ 1,45 milhão por ano.
Caso o plano seja aceito, ele também será válido em situações de recuperação judicial ou extrajudicial, garantindo maior segurança para os credores. No entanto, atrasos superiores a 90 dias no pagamento das parcelas poderão acarretar multas de até 15% sobre o valor pendente e, em última instância, a rescisão do acordo.
Com a implementação do plano, o Vasco espera diminuir seus gastos anuais com dívidas trabalhistas de R$ 50 milhões para cerca de R$ 10 milhões, em média, ao longo dos próximos 10 anos. Segundo Pedrinho, essa economia permitirá maior investimento em futebol e infraestrutura, além de possibilitar a negociação de dívidas cíveis no futuro. “Com responsabilidade e um cronograma bem elaborado, acreditamos que seja possível sanar essas dívidas sem prejudicar ninguém”, afirmou o presidente.
A expectativa do clube é de que o juiz responsável homologue a proposta até meados de fevereiro de 2025, iniciando um novo capítulo na recuperação financeira do Vasco. O desfecho desse processo será decisivo para garantir a sustentabilidade do clube e o foco em suas atividades esportivas.