O ex-presidente do Coritiba e atual investidor da SAF do clube, Joel Malucelli, revelou ter sugerido uma fusão entre o Coxa e o Paraná Clube. A ideia foi apresentada ao sócio-diretor da Treecorp, empresa que administra o Coritiba, Bruno D’Ancona.
Segundo Malucelli, D’Ancona recebeu a sugestão de forma positiva, mas destacou que o foco da gestão está nos desafios internos do Coritiba. “Eles estão com muitos problemas para resolver, mas não descartaram essa possibilidade”, afirmou.
O empresário ressaltou que a fusão poderia ser um caminho para fortalecer o futebol paranaense. “Pode parecer uma missão impossível, mas um projeto bem estruturado poderia ter a aprovação das torcidas. O Paraná Clube tem força e não conseguirá se reerguer apenas com a contribuição dos sócios”, completou.
Coritiba nega possibilidade de fusão
Em nota oficial, o Coritiba negou qualquer conversa sobre fusão com outro clube. “O Coritiba esclarece que não há qualquer estudo ou conversa em andamento acerca de possível fusão com outro clube de futebol e que tal hipótese está completamente descartada”, afirmou.
A sugestão surge em um momento delicado para o futebol paranaense. Pela primeira vez em 30 anos, o estado não terá representantes na elite do futebol nacional.
“Estamos vivendo um momento medíocre. O melhor clube do estado é o Operário, que cresce aos poucos. O Athletico perdeu padrão, o Coritiba segue na Série B, e a Federação não contribui para melhorar a arbitragem. É o pior momento do futebol paranaense”, avaliou Malucelli.
A fusão que nunca aconteceu
A ideia de unir clubes paranaenses não é nova. Em 1995, dirigentes de Athletico, Coritiba e Paraná discutiram uma fusão para criar um clube forte no cenário nacional.
Na época, o Paraná Clube dominava o futebol estadual, enquanto Coritiba e Athletico enfrentavam crises político-financeiras. O projeto previa uma nova identidade para o time, sem manter as cores ou nomes originais. Uma das sugestões era batizá-lo como Araucária, árvore símbolo do estado, mas o nome final seria Paraná Atlético Clube. O Couto Pereira seria o estádio principal, e a Arena da Baixada seria transformada em um centro multiuso.
Havia até a possibilidade de disputar o Campeonato Paulista. “Curitiba está mais perto de São Paulo do que Ribeirão Preto. Conversei com Eduardo Farah (presidente da FPF na época), e ele aprovou a ideia”, contou Mario Celso Petraglia, presidente do Athletico.
Apesar do entusiasmo dos dirigentes, a fusão fracassou. Conselheiros do Coritiba se opuseram, especialmente pela rivalidade com o Athletico. “O projeto morreu por detalhes irrelevantes, como cor da camisa e nome do time”, lamentou Ademir Adur, ex-presidente do Athletico.
Ocimar Bolicenho, ex-presidente do Paraná, acredita que a união teria fortalecido o futebol do estado. “A fusão do Paraná Clube tinha apenas cinco anos e deu certo. Poderia ter sido ainda melhor”, afirmou.
Histórico de fusões do futebol paranaense
O conceito de fusão não é novidade no futebol do Paraná. Em 1924, o Athletico surgiu da união entre América e Internacional, dois clubes fundados na década anterior.
Outras tentativas de união também marcaram a história. Em 1972, o Athletico quase se tornou Clube Atlético Pinheiros, mas a mudança de nome não prosperou. Já em 1989, a fusão entre Pinheiros e Colorado deu origem ao Paraná Clube, um projeto bem-sucedido que rapidamente conquistou títulos e relevância nacional.
A árvore genealógica do Paraná Clube é extensa. O lado vermelho tem raízes em Britânia, Ferroviário e Palestra Itália, enquanto o lado azul resulta da junção de Savóia e Água Verde.
Entre os grandes da capital, o Coritiba nunca concretizou uma fusão, mas também cogitou a ideia. Em 1988, três anos após seu título brasileiro, foi discutida a criação do Coritiba Pinheiros Futebol Clube, projeto que não saiu do papel.
